POSTAL DE PARABÉNS ÀS MÃES ANIVERSARIANTES
MINHA SENHORA
Não importa muito sabermos há quantos anos, no dia do seu nascimento foi bebé, para, tempos depois, ser criança, para mais tarde e sucessivamente, ser adolescente, mulher, esposa e mãe.
Possivelmente com algum atraso, venho apresentar-lhe os meus parabéns pelo seu aniversário e desejar- lhe que nunca deixe de ser mãe, nobremente mulher por ser verdadeiramente senhora e esposa, podendo também continuar a ser adolescente e criança, mas com a sabedoria de saber como e quando o deve ser.
Bem merece os nossos parabéns pelos seus títulos, belos e nobres exercidos com pundonor e elevação, mas que apesar disso, não estão completos. Por isso, o nosso maior desejo é que, em longa vida e com saúde, venha a acrescentar aos teus títulos o de AVÓ, para que sinta mais do que nunca a nobreza de ter sido esposa, verdadeiramente mãe, verdadeiramente senhora, verdadeiramente mulher.
Em meu nome e em nome do
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laurindo.barbosa@gmail.com
COMENTÁRIO A UM SONETO
Quem percorre os sonetos de Florbela Espanca, nota que o espírito da poetisa era altamente insatisfeito, anelando filosoficamente ou misticamente o Além, buscando com avidez a Felicidade e o Amor. A tristeza, a nostalgia, a angústia, a sede de amar e de ser amada são sentimentos que povoam a mente da poetisa, fazendo-lhe produzir os mais belos sonetos, alguns deles verdadeiras obras-primas.
Como em qualquer poeta que exprime mágoas e queixas nas suas endechas, em Florbela Espanca podemos notar muito de auto-compaixão. Há, porém, pelo menos um soneto que foge a esta regra, porque é, por assim dizer, o menos romântico de todos. Contém muito de bom senso e de realidade, não lhe faltando, todavia, inspiração e rasgo poético. É um soneto dedicado A UMA RAPARIGA, e assim mesmo intitulado. Começa a autora:
Abre os olhos e encara a vida! A sina
tem de cumprir-se! Alarga os horizontes!
por sobre lamaçais alteia pontes
com tuas mãos preciosas de menina.
Eis uma verdadeira ária de saudação à Vida, em que há um convite para a encarar sem temores e com largos horizontes. Só alargamos a nossa simpatia e desenvolvemos a inteligência se conseguirmos sair dum restricto círculo de tibieza e de mediocridade. Mas esse alargar de horizontes exige um esforço de atenção e de trabalho para “abrir os olhos” e “altear pontes”, superando, então, as condições adversas dos lamaçais.
A poetisa continua com os seus conselhos sensatos e positivos:
Nessa estrada da vida que fascina,
caminha sempre em frente, passa além dos montes.
morde os frutos a rir! Bebe nas fontes,
beija aqueles que a sorte te destina.
Há aqui um saudável optimismo: caminhemos sempre em frente de atitude vitoriosa e sem descanso, sabendo colher o que de bom a vida nos oferece, e aceitando sem ressaibos o que de mau a vida nos proporciona. “Beija aqueles que a sorte te destina”- é uma maneira poética e harmoniosa de dizer “os espinhos magoam menos quando se beijam que quando se pisam”. Até aqui, há um estilo suave de palavras tranquilas. Mas eis que irrompe o estilo grandíloquo e imponente de Florbela logo a seguir, no primeiro terceto:
Trata por tu a mais longínqua estrela!
Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, seguir deita-te nela!
Logo no primeiro verso, há uma frase impressionante que vale um tratado de filosofia e um poema de amor. É uma poética maneira de dizer “harmoniza-te com o Universo no mais elevado grau e o mais perfeitamente possível”. Na verdade, só depois de conseguida essa harmonia, se pode ser verdadeiramente feliz, porque só então se pode compreender e amar a grandeza desse Universo, sentir com alegria que desse Universo fazemos parte e da sua grandeza usufruímos, mesmo para além daquilo a que chamamos morte. É ainda um incentivo para, num poema de amor e de alegria, sermos um átomo dessa grandeza, amando Deus e as suas criaturas, sejam pessoas ou sejam pedras, sejam estrelas do céu ou estrelas do mar.
Para conseguirmos essa grande harmonia, já não basta “abrir os olhos” e “altear pontes”, é preciso “escavar com as mãos a própria cova”, isto é, construirmos o nosso próprio destino, numa luta constante pela perfeição. Para caminhar “nessa estrada da vida que fascina”, o homem superior não pode acreditar no Acaso nem no bafo da Sorte – faz depender o seu êxito na sua capacidade de amar e de se sintonizar com o Universo e, por isso e para isso, trabalha, luta, reza, estuda, porfia. Assim, acaba por entesourar valores com que, um dia, vai forrar a sua alcofa tumular – e depois, a sorrir, deita-se nela. Vem a seguir o último terceto.
Vem a seguir o último terceto, onde se nota uma suavidade pouco vulgar no estilo florbeliano:
Que as mãos da terra façam com amor
da graça do teu corpo, esguia e nova,
surgir à luz a haste de uma flor!...
Este soneto, creio que ponto único em toda a obra de F. Espanca, é verdadeiramente espiritual, mas também útil para uma conduta de vida e formação de pensamento.
POSTAL DE PARABÉNS A QUEM CELEBRA O SEU ANIVERSÁRIO
Caro Leitor
Não importa quando nem onde, alguém a que chamarei ALGUÉM e outra pessoa a quem chamarei O OUTRO, foram cada qual à sua labuta. Quando ao fim do dia se encontraram, o ALGUÉM disse ao OUTRO: - Tive um dia terrível, comecei por ter logo que saí um mau encontro, tudo correu mal, e estou mesmo doente, cheio de dores de cabeça e…
-E eu também – interrompeu o OUTRO.
-Que te sucedeu então?
-Estive todo o dia com disenteria e estou cheio de dores de barriga e de cabeça.
Dito isto, o OUTRO alheou-se, calou-se, virou costas e foi recostar-se num sofá.
Se este facto fosse uma parábola como aquelas a que Cristo habituou a multidão nas suas pregações, poderíamos perguntar: E vós, que dizeis a este respeito? Há alguma coisa de errado entre eles?
De entre todos os ouvintes, uma pessoa havia de dizer: -Há, sim. O OUTRO não foi atencioso ou amoroso como devia, pois, preocupado apenas consigo próprio, ignorou totalmente o sofrimento do ALGUÉM. Este, o ALGUÉM, apesar de estar em sofrimento, foi compreensivo e solícito, o que era uma promessa de apoio e da ajuda que fosse necessária.
Então, a resposta do Mestre era inevitável:
- Disseste bem. Vai e faz como ele.
Caro Leitor ou Leitora. O verdadeiro amigo é aquele que está disponível às duas horas da madrugada, não apenas às duas horas da tarde. Da mesma maneira, é aquele que nos atende com solicitude e desvelo nas nossas horas de sofrimento, não apenas nas suas horas de serena felicidade, mas mesmo quando ele próprio está nas suas horas más, porventura em sofrimento superior ao nosso.
Esperamos que os seus amigos, que o vão rodear e felicitar pelo seu aniversário, sejam verdadeiramente seus amigos, o que é mais mérito seu que de mais ninguém. É sinal de que também o caro leitor ou leitora aniversariante soube fazer bons amigos sendo para os outros o que agora os outros estão a ser para si. É porque, um tanto misteriosamente, soube ouvir e praticar o conselho do Mestre: Vai e faz como ele.
Tomamos a liberdade de nos associarmos aos seus amigos e à sua família, desejando-lhe uma boa celebração do seu aniversário com os nossos cordiais cumprimentos e desejos de todas as venturas, por uma vida longa e cheia de saúde.
Em nome do nosso BLOG, amistosas felicitações