AUTORES

Fevereiro 29 2012

PENSAMENTOS

(MY OWN)

 

Todos os meus pensamentos são mesmo meus, muito pessoais, e, portanto, são mesmo eu próprio : my own! Muitos dos meus pensamentos estão expostos ao longo do que tenho escrito. Estes ainda não foram enquadrados em lado nenhum, não excluindo, porém, a possibilidade de uma ou outra excepção. Cada meu pensamento é uma espécie de assinatura : a minha assinatura diz tudo, na minha assinatura estou todo.

 

1 - O mundo inteiro só é digno de existir pela existência de Deus e por ter sido feito por Ele. É a conclusão que se tira da leitura global da Sagrada Escritura, se fizermos dela uma leitura atenta, continuada e com um mínimo de profundidade, a ponto de ser para nós, como dizem certos rabis judaicos da Torah. “santa quanto ao seu lado óbvio e compreensível, mas sacrossanta quanto ao seu sentido escondido e misterioso”.

 

2 - Toda a fidelidade e obediência à vontade de Deus e toda a renúncia a resistir às solicitações desumanas (porque contrárias à humanidade que Deus nos deu), são de per si uma oração.

 

3 - Os meus livros permitem-me tratar por tu todos os sábios, cientistas, filósofos e o próprio Deus. A todos esses grandes vultos, eu nomeei-os a título póstumo meus amigos com medalhas de mérito e de reconhecimento. Todos eles através dos meus livros, me dão memórias e pensamentos que eu tento aprisionar nos meus escritos, para que mesmo que eles voem, sejam como pombas que regressam aos seus pombais.    

 

4 - Os tísicos sentem a sua líbido recrudescida  –  é o protesto da sua natureza a despedir-se do que mais amou, no subconsciente talvez  mais que no consciente; é o desespero de querer ver satisfeito o seu último desejo de condenados.

 

5 - As lágrimas de alegria limpam e fazem brilhar os olhos; as lágrimas de sofrimento turvam e avermelham os olhos, por terem um teor salino superior ao quanto baste.

 

6 - A alegria é a satisfação multiplicada por si mesma

 

7 - Deus paga-nos para vivermos e por isso há a obrigação de amar e defender a vida.

 

8 - O amor fraterno-teológico, embora necessário para a vivência humana, só consola os místicos e, ainda que seja em pequeno grau, todos devemos ser místicos. Mas todos nós somos por essência poetas, e o poeta quer completar o amor ao próximo e a Deus com aquele amor de união e entrega a alguém que seja tão poeta como ele. Se o não consegue, rumina filosofias, rumina teologias, rumina desesperos. Sofremos mas sublimamo-nos, e mesmo que não saibamos alinhavar versos rimados, continuamos a ser poetas, poetas de outra maneira. Será que quem ama se contenta com receber de quem ama apenas amor cristão e amabilidades sociais?

 

9 - Será que entre marido e mulher deve haver as fórmulas de agradecimento e de pedir tudo por favor? Eu acho que não, a não ser que entre ambos haja relações apenas de tolerado convívio sem amor e muita indiferença. Agradecimento e favor, não; delicadeza, sim. Se eles se amam, “são como a unha e a carne”, ou, como se diz na Bíblia, uma só carne. A mão esquerda não agradece à mão direita que esta a lave, e mão direita não pede por favor nem agradece, depois, que a esquerda a ajude a fazer o que é necessário para bem de ambas. O que ambas apreciam, sem propriamente agradecer, é que haja uma mútua e grande delicadeza. Tudo que se desenrola entre um casal que verdadeiramente se ama é em proveito de ambos – umas vezes será o marido a ser mão direita, outras vezes será a mulher a desempenhar esse papel e, então, será o marido a ter de assumir a funções de mão esquerda. Mão esquerda e mão direita que pertencem ao mesmo corpo.

 

10 - É sempre bom não rezar “à sorte”, qualquer que seja o sentido que se der à expressão: ou por ser atabalhoadamente, sem atenção, sem sentimento, ou por rezar à SORTE, como se ela fosse uma divindade protectora e auxiliadora, divindade que é muito invocada mas nem sequer existe.

laurindo.barbosa@gmail.com

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publicado por Fri-luso às 20:54

Fevereiro 23 2012

 

TÔMBOLA DE CARIDADE

 

Observando a extracção da lotaria e do totoloto, deu-me para pensar que é possível estabelecer uma relação entre essas extracções e o desenrolar da vida, ou seja, a sucessão dos acontecimentos.

 

Também este mundo é aproximadamente uma esfera que gira, que gira, e desse girar vão-se desprendendo os acontecimentos, variáveis até ao infinito, agradáveis ou desagradáveis nos mais diferentes graus de intensidade. Desta esfera de Deus saem, em cada segundo, milhões de contas ou pérolas – esferinhas da sorte – que indicam o que terá de suceder por esse mundo fora: nascimento de uns, morte de outros; um vendaval aqui, um naufrágio acolá; um feliz ou infeliz negócio para este, um muito feliz ou um menos feliz casamento para aquele; uma queda, um exame, a sorte grande de uma herança ou a pouca sorte de um incêndio, uma cabeça que cai abaixo de uns ombros ou um cabelo que cai abaixo de uma cabeça – eis um pouco do muito que é possível ser ditado por Deus, através desse movimento contínuo que nos contempla com os acontecimentos que na nossa óptica são felizes ou infelizes.

 

Se este mundo, tal como actualmente gira, há-de ter um fim, é evidente que as contas ou pérolas de que falei, cada uma correspondendo a um acontecimento, também se hão-de esgotar. As “Testemunhas de Jeová” já anunciaram esse momento, pois que por mais do que uma vez anunciaram o fim do mundo, prevendo que uma última conta ou pérola se iria desprender com fragor, não com a suavidade dos propósitos de Deus.

 

Assim, saber olhar para esta esfera de Deus, que gira, que gira, e da qual se desprendem os acontecimentos, é uma grande virtude. Para as “Testemunhas de Jeová” ela é totalmente transparente: julgaram até terem-lhe visto o fim; para os católicos, ela simplesmente translúcida: com o dealbar do fim dos tempos, sabemos que o seu conteúdo vai diminuindo, mas nunca nos preocupamos com a saída da última esfera da sorte que ditará o fim do mundo – cada qual deverá preocupar apenas com a que lhe vai dar a ordem de Deus para se apresentar junto d’Ele; para os ateus, que não acreditam no fim do mundo, a referida esfera de Deus é totalmente opaca, com um conteúdo impossível de se esgotar. Curiosamente, estão a considerar Deus infinito, naquilo que Ele quis ser finito.

 

Devemos, porém, considerar que se Deus quis ser finito na sua esfera e no conteúdo dela – os acontecimentos – quis ser infinito na sua qualidade e na sua distribuição. Cada acontecimento, classificado pelos homens como feliz ou infeliz, é um acto de amor que nós por limitação, ou mesmo por maldade, não conseguimos interpretar correctamente. Jesus Cristo disse que o Pai, porque é Pai, nunca dá pedras a quem pedir pão, nem lagartos a quem pedir peixe. Então, podemos ter a certeza de que esta esfera de Deus vai girando sempre só para nosso bem, para nos dar em cada esferinha da sorte não aquilo que merecemos mas aquilo de que precisamos – não se trata de uma pagã boceta de Pandora que semeia ventos e tempestades.

 

Considerando a vida e o mundo tal como a estou a considerar e compreendida esta “mecânica celeste” que acabo de expor, fácil é concluir que Deus criou para nós não um jogo de lotaria ou de azar, mas uma verdadeira tômbola de caridade.

 

laurindo.barbosa@gmail.com

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publicado por Fri-luso às 10:18

Fevereiro 23 2012
publicado por Fri-luso às 10:14

Fevereiro 19 2012

  

  

SOCIEDADE DE SÃO VICENTE  DE PAULO

                               

 No Ano da Graça de 1859, ocorreram dois factos muito importantes: um, notável em todo o mundo pelo progresso científico; o outro, notável em Portugal, pelo progresso social. O primeiro, foi a publicação de uma obra que se tornou famosa, A Origem das Espécies, de Charles Darwin, cientista inglês, que lançou novas teorias sobre a vida à face da Terra; o segundo, foi a introdução em Portugal da Sociedade de São Vicente de Paulo.

Darwin, com as suas conclusões científicas que considerou incontestáveis, rebateu o Criacionismo, ou seja, acabou por dispensar a intervenção de Deus na obra da Criação do Universo, na biodiversidade e na existência da própria vida, o que foi bem acolhido, muito por causa disso, em certos meios científicos, para quem a referida obra passou a ser a sua Bíblia de argumentação. Já não querem investigar um pouco mais, para concluírem que, afinal, Criação (Deus) e Evolução (Ciência) não são incompatíveis e bem podem dialogar, apesar das dificuldades que historicamente sempre tem havido. Contrapondo-se à obra de Darwin, uma meritória dilatação da Ciência, houve em Portugal a introdução da Sociedade de São Vicente de Paulo, uma necessária e auspiciosa dilatação da Fé.

Recuemos a 1833. Nesse ano, em França, um jovem de nome Antoine Frédéric Ozanam, com 20 anos, juntamente com alguns amigos, fundava a “Sociedade de São Vicente de Paulo”, para acorrer aos pobres que grassavam em Paris, com a caridade plena de que o santo que era o seu patrono deu o exemplo. Porque essa obra por ele fundada era uma obra de Deus, depressa se expandiu por todo o mundo. Seis anos após a sua morte, aos 40 anos, entrava em Portugal.

Para os cientistas ateus, a obra de Darwin é a que mais mudou o mundo; para o mundo em geral e para os cientistas não ateus, a fundação da Sociedade de São V. de Paulo não foi o que mais mudou o mundo, porque esse papel de mudar verdadeiramente o mundo já tinha sido desempenhado pela pregação de Jesus Cristo, em cuja doutrina a Sociedade de S. V. de Paulo se baseia. E é por isso que, com carácter internacional, é um dos mais significativos sinais de uma maneira renovada de toda a humanidade se relacionar com o mundo, um novo ânimo, um grande bálsamo, uma aumentada espiritualidade.

Em França, em 1833, a Sociedade de S. V. de Paulo, essa obra silenciosa e humilde impulsionada por Ozanam, teve como antecedentes a acção social e eminentemente caritativa que Vicente de Paulo e várias mulheres, como Louise de Marillac dedicadas à causa dos pobres, exerceram duzentos anos antes, tendo, então, fundado as Confrarias de Caridade para socorrer a gritante miséria que havia na época. Inspirado por essas confrarias, Ozanam e os seus amigos, com a ajuda da Irmã Rosalie Rendue e do Padre Lacordaire, fundaram conferências com os mesmos fins. Em breve muitas outras conferências se espalharam em muitos países do mundo, tendo chegado a Portugal em 1859.

 Várias personalidades ilustres, entre elas Francisco d’Azeredo Teixeira d’Aguilar (Conde de Samodães), e o Cónego Sena de Freitas, contribuíram denodadamente para isso, sendo então fundada a primeira Conferência na Igreja de S. Luís em Lisboa. Não foi fácil conseguir, dadas as condições sócio-políticas, sobretudo pela sanha anti-religiosa, apesar de aquela época já ter os seus “novos pobres”: os resultantes de termos sido um país recentemente flagelado pela guerra civil entre os liberais e os absolutistas, e os resultantes da chamada Revolução Industrial. Grande parte dos “novos pobres”, agora, resulta do flagelo da sida; anteriormente, era o flagelo da  tuberculose.

Todas as grandes obras, especialmente as espirituais, têm imensas dificuldades em se afirmar e se manter. Mas esta, porque é obra de Deus, venceu e tem vencido todos os entraves, dificuldades e escolhos, em que não têm faltado convulsões sociais e políticas, como a implantação da República, as duas Grandes Guerras e a Revolução de Abril de 1974. É muito de meditar em quais serão os factores poderosos que têm mantido em todos os países tal “Sociedade”, apesar de todas as crises. Temos de concluir que é obra de Deus e de verificar porquê. Na verdade, trata-se de uma maneira mais perfeita da exercer a caridade, que à data da fundação era inteiramente nova: Ozanam e os seus amigos não esperaram que fossem os pobres a virem até eles – tomaram a iniciativa de irem eles ter com os pobres; não entregaram o serviço da caridade à hierarquia da Igreja, aos mosteiros ou institutos religiosos – foram eles pessoalmente; não procuraram fazer obras de caridade esporadicamente e individualmente – procuraram interessar e sensibilizar toda a sociedade para uma obra permanente, colectiva e organizada; houve sempre a preocupação de que toda a sua acção fosse um instrumento de Deus, pelo que tudo era feito com espírito de oração; quase desde a fundação, houve, por sugestão do próprio Ozanam, um acolher-se da obra à Virgem Maria, como sua inspiradora e protectora. Em 12 e 13 de Agosto de 1928, foi realizada a primeira peregrinação nacional a Fátima, prática que desde há muito é realizada todos os anos. Os seus fundadores eram firmes na sua fé, alegres na esperança e magnânimos na caridade, e tudo prepararam para que todos os que se lhes juntassem e sucedessem fossem assim. 

No ano passado, comemorou-se o sesquicentenário em Portugal. O centenário foi oportunamente comemorado com, entre outras coisas, um solene Te-Deum na Sé Patriarcal de Lisboa e uma sessão solene na Sociedade de Geografia. Quando oportuno, são celebrados eventos e datas importantes. Assim, em 1883, foram comemorados os 50 anos, as Núpcias de Ouro, conforme se disse na altura, numa sessão em que o já referido Conde de Samodães proferiu um notável discurso. Em 1908, por proposta do mesmo Conde, celebrou-se nova festa, que para além de ser comemorativa das Núpcias de Diamante, foi o 1º. Congresso Vicentino Nacional, donde surgiu um aperfeiçoamento da organização e melhor adaptação à realidade portuguesa. Desde então, outros Congressos se têm realizado, tendo havido no Porto um em 1927. De todos os congressos ou reuniões de grande amplitude, vão saindo meditações e observações sobre as necessidades da era moderna, uma actualização das maneiras de as colmatar em benefício de quem precisa das suas acções e das suas orações, para que tanto quanto possível e conforme a mística do nosso Beato Frederico Ozanam, “não haja dores inconsoláveis e alegrias exclusivas.” Assim, a Sociedade de S. V. de Paulo manter-se-á jovem em espírito, não por querer seguir modas de actuação e atitudes espalhafatosas, nem por querer seguir as tendências modernas do pensamento cultural ou científico. Darwin e os seus cientistas tornaram mais difícil o diálogo entre a Ciência e a Fé, mas os vicentinos, os fundadores e os de agora, mostram que é fácil o diálogo entre crentes e não crentes, intelectuais e ignorantes, ricos e pobres, se houver da parte de todos espírito de tolerância, de compreensão e de amor, para não nos esquecermos de que cada um dos outros tem as mesmas necessidades físicas e espirituais que cada um de nós: um corpo a alimentar, um coração a sofrer e uma alma para salvar.

laurindo.barbosa@gmail.com

publicado por Fri-luso às 13:01

Fevereiro 12 2012

 

Assim como há vários tipos de discursos em prosa, vejamos os vários tipos de poesia. Espero que o leitor tenha de PROSA e de POESIA conceitos correctos. POESIA não é só versos rimados. Podemos ser verdadeiramente poetas, escrevendo um texto que, por não ter versos rimados, parece não passar de simples prosa. Poeta é todo aquele que exprime, com rimas ou sem rimas, em linguagem elevada, sentimentos elevados.

Um grande exemplo de poesia, são os SALMOS que se cantam ao Domingo nas  missas da Igreja Católica. São cânticos espirituais, de louvor a Deus, de júbilo, de prece, de agradecimento ou de penitência. Como têm um fundo musical apropriado, têm de ser adaptados do texto bíblico, mas, repare o leitor, nunca há preocupação de rimas. Se o compositor o fez com arte e o cantor o faz com alma, o salmo ecoa com vibração e arrebatamento, e é muito possível que um nó de comoção nos aperte a garganta.

 As poesias mais conhecidas e talvez mais praticadas neste Portugal, que se diz um país de poetas, são as QUADRAS, como por exemplo as populares quadras do São João: são 4 versos, geralmente rimados, e embora seja a composição poética mais fácil e vulgarizada, para ter verdadeira beleza poética não é tão fácil como isso. Algumas quadras só por si desenvolvem e concluem uma ideia, um pensamento ou sentimento. Por exemplo esta:

 

Se aquilo que a gente sente,

cá dentro tivesse vós,

Muita gente, toda a gente

teria pena de nós

 

Muitas composições poéticas são constituídas por várias quadras, tantas quantas se quiser, o que pode facilitar o desenvolvimento que se pretende.

Bastante mais difícil que a quadra é o SONETO, composição formada só por duas quadras e dois tercetos, rimados entre si de tão variadas maneiras, que não é apropriado aqui me ocupar delas. Aliás, tenho de passar em claro muita coisa, como por exemplo a métrica das rimas, a classificação dos versos quanto às sílabas, etc. Como os sonetos têm de desenvolver um tema poético, com sentimentos amorosos, jubilosos, lacrimosos, etc., com conteúdo mais vasto que a quadra, em apenas em 14 versos rimados, torna-se difícil fazê-lo com elevação. Por isso é muito menos praticado que a quadra e só os mesmos bons poetas o sabem fazer com o devido estro. O soneto é uma das mais nobres formas de expressão poética, e por isso normalmente é apresentado em termos de dignidade. A linguagem vulgar e brejeira numa quadra, até lhe pode dar uma certa graça, mas num soneto é uma sensaboria que avilta grandemente uma espécie de poesia, que por essência só beleza deve ter.

 Como exemplo de soneto, apraz-me transcrever o soneto seguinte, que não digo que seja “o máximo” da expressão poética, mas revela a exaltação poético-religiosa de um anónimo. Nunca o vi citado em lado nenhum, mas quanto a mim, bem o merece:  

 

A VÓS, CORRENDO VOU, BRAÇOS SAGRADOS,

NESSA CRUZ SACROSSANTA DESCOBERTOS,

QUE PARA RECEBER-ME ESTAIS ABERTOS

E PARA NÃO CASTIGAR-ME ESTAIS CRAVADOS.

 

A VÓS, OLHOS DIVINOS, ECLIPSADOS

DE TANTO SANGUE E LÁGRIMAS COBERTOS,

QUE PARA PERDOAR-ME ESTAIS DESPERTOS

E PARA NÃO DEVASSAR-ME ESTAIS FECHADOS,

 

A VÓS, PREGADOS PÉS, PARA NÃO FUGIR-ME

A VÓS, CABEÇA BAIXA, POR CHAMAR-ME,

A VÓS, SANGUE VERTIDO, PARA UNGIR-ME,

 

A VÓS, LADO PATENTE, QUERO UNIR-ME,

A VÓS, CRAVOS PRECIOSOS QUERO ATAR-ME

PARA FICAR UNIDO, ATADO E FIRME.

 

Recolhi este soneto há 40 anos, poesia posta em caixilho entre muitas outras ofertas de louvor e agradecimento, nas paredes da Capela de Cristo Crucificado, anexa ao templo do Bom Jesus do Monte, de Braga. Espero que ainda lá esteja. Se o leitor puder e quando puder, pode ter a curiosidade de verificar se de facto lá continua.

 Há várias espécies de prosa que, segundo parece, já ninguém sabe fazer, mas posso asseverar ao leitor que também se passa o mesmo com as poesias. Várias espécies de poesias, passaram a existir só no património literário, como se pode verificar percorrendo a obra poética dos grandes poetas, como Camões, Bocage e alguns mais, e comparando-a com a obra poética de autores mais recentes. Comecemos por nos referirmos a poesias, que designamos por poemas, hinos e cânticos.

POEMA é um termo muito geral que designa qualquer composição poética, que pode ser sinónimo de POESIA, quando esta tem uma certa extensão. Os LUSÍADAS, são um poema, que, pelo tema de que trata, é um POEMA ÉPICO, ou POEMA HERÓICO, narração de feitos históricos e patrióticos. Outros poemas épicos podem ser a exaltação de grandes glórias ou de espiritualidades. Também isto parece estar fora de uso, principalmente na literatura portuguesa. Há ainda os POEMAS SINFÓNICOS, composição musical, geralmente inspirada numa grande obra literária. Deste tipo de poemas, temos um exemplo vivo e moderno graças ao talento do Cónego Ferreira dos Santos, actual Reitor da Igreja da Lapa do Porto, grande musicólogo que tem composto a música com muita elevação para alguns cânticos litúrgicos e salmos, e, há cerca de três anos, concebeu um poema sinfónico de grande brilho sobre os grandes centenários da História de Portugal

Falando de poemas épicos ou heróicos, convém não esquecer uma referência às EPOPEIAS. Este termo é praticamente sinónimo de POEMA ÉPICO. Os LUSÍADAS são a grande epopeia da literatura portuguesa em que, como em geral em todas as epopeias, o real e histórico se misturam com o imaginário e o maravilhoso. Uma vida acidentada, vivida de grandes sofrimentos, repleta de grandes alegrias e de episódios incríveis e cruciantes, suportados com energia e fé, uma pessoa que tenha tido uma vida assim, bem pode dizer na sua velhice : Vivi ! vivi uma vida intensa e cheia – a minha vida é a minha epopeia!

HINOS – Quando falamos de “hino”, em geral pensamos só na música e letra do chamado “Hino Nacional”, composição musical que representa uma Nação. Mas hino é bastante mais. Começou por ser um canto de louvor aos deuses ou aos heróis lendários. São célebres os hinos de Homero, da antiga Grécia. Pode ser um canto religioso, ou um poema semelhante ao de São Paulo, em I Cor.13 , que é um autêntico hino à Caridade. E só quem faz da sua vida um hino à Vida é que se pode glorificar, na sua velhice, de que a sua vida é a sua grande epopeia.

CÃNTICOS – A palavra é praticamente sinónima de HINOS e aplica-se em especial a algumas composições de exaltação religiosa, de louvor a Deus. Abundam na Bíblia: muitos Salmos são, eles próprios, cânticos; há os cânticos de Moisés, de Débora, o Magnificat, da Virgem Maria, entre muitos outros. E um dos livros da Bíblia é chamado mesmo CÃNTICO DOS CÃNTICOS.

ELEGIAS – São (ou eram…) composições poéticas, geralmente pequenas, de tema melancólico e triste como amor ou morte. 

ÉCLOGAS – São poesias que têm por tema a vida campestre e pastoril. Também podem ser chamadas BUCÓLICAS, e daqui surgiu o termo bucolismo, que é o amor da contemplação da Natureza, o amor às coisas simples e rústicas do campo. São conhecidas as Bucólicas de Virgílio, grande poeta latino da Antiguidade. As éclogas são, portanto, todas bucólicas, género de poesia cultivado pelos nossos Bernardim Ribeiro e Sá de Miranda, numa época que se pode considerar como a nossa “antiguidade clássica”. Um sinónimo de ÉCLOGAS é IDÍLIOS, pois também estes são composições poéticas de carácter campestre, pastoril e amoroso. Pode haver uma ligeiríssima diferença, pois no idílio parece haver uma maior serenidade em contemplação. De IDÍLIO, surgiu o adjectivo idílico, a classificar qualquer coisa suave e campestre e aqueles amores ternos e puros, como por exemplo, o clássico amor de Romeu e Julieta.

ODES – São composições poéticas do género lírico, ou seja aquele tipo de poesia em que o poeta canta (ou cantava…) os seus sentimentos pessoais ao som da lira. Surgiram na Antiga Grécia, mas o poeta romano Horácio parece ter sido quem mais e melhor as cultivou. Como exprimem sentimentos pessoais, cada poeta imprime o seu estilo e, por isso, há as odes anacreônticas, praticadas por Anacreonte, poeta grego; há as odes pindáricas, à maneira de Píndaro, outro poeta grego; há as odes sáficas, inspiradas pela poetisa grega de nome Safo.

TROVAS são composições poéticas ligeiras, populares, destinadas a serem cantadas. Podem ser chamadas CANTIGAS.

CANÇÕES –  O termo é muito genérico e pode referir-se a qualquer espécie de poesia, trovas ou cantigas. Em certa canção muito antiga, dizia-se “Eu dormia docemente enquanto minha mãe cantava as canções de antigamente”. É sabido que as mães para adormecer os bebés cantam “canções de embalar”. Mas CANÇÕES são também poesia lírica dividida em pequenos grupos a que se pode chamar estrofes, que, normalmente, se destinam a serem cantadas. Na obra poética de Camões há vários exemplos.   

E é tudo que posso dizer. Dizer mais seria saturante. Convido o leitor a querer saber mais, mas  em locais mais apropriados, sobretudo para descobrir para que tipo de poesia tem pendor o seu talento poético. Aconselho-o a pôr de parte as elegias…

 

 laurindo.barbosa@gamil.com 

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publicado por Fri-luso às 20:26

Fevereiro 08 2012

Tenho 82 anos, com bacharelato em economia, finanças e contabilidade. Escrevi no JORNAL DE MATOSINHOS, muitos artigos dessas matérias, mas há mais de 40 anos que escrevo apenas textos de ordem moral, religiosa, espiritual, em obras não publicadas (há apenas duas obras, publicadas formalmente), obras distribuidas aos amigos. Escrevo para eles e sobretudo para mim próprio, num esforço de aperfeiçoamento e de compenetração. Actualmente colaboro em especial no jornal A ORDEM, do PORTO, com artigos sobre Língua Portuguesa, em que amenamente aponto erros vulgares e pretendo despertar o amor à língua pátria e aos seus escritores.

publicado por Fri-luso às 09:37

Fevereiro 08 2012

É sabido que os homossexuais proclamam muito o seu orgulho de o serem. É na linguagem deles, o orgulho gay, de que de vez em quando, fazem paradas e várias manifestações a mostrarem que são orgulhosos.

Há dias um indivíduo de certa notoriedade social, na televisão, declarou-se maçónico e disse que tinha muito orgulho nisso.

Já por mais do que uma vez que tenho ouvido dizer a comunistas que, sim senhor, são comunistas, com muita honra e muito orgulho.

E eu fico a pensar: temos de concordar que homossexuais maçónicos e comunistas, todos com orgulho de serem pelo menos uma dessas coisas, é uma massa importante da população portuguesa. Portugal! Um país tão pequeno, com uma massa demográfica tão reduzida, com tantos “orgulhosos”! Como faz falta voltarmos aos tempos em que eu era jovem, em que, em Igreja, se cantava Protege, ó Cristo, o nosso Portugal – que é seu brasão a chaga do Teu lado – e sempre quis, por timbre seu real – ser filho Teu, Teu mais fiel soldado. /// A Ti pertence a terra portuguesa – nossa Rainha é Tua Mãe bendita – somos cristãos, não há maior nobreza – Teu coração de amor por nós palpita.

Como seria bom que este cântico, agora fora de moda, voltasse agora a ser amplamente repetido à maneira de oração, pois parece que, por falta deste cântico, Cristo deixou de proteger Portugal! Se nenhum sacerdote ou bispo tomar a iniciativa de o restaurar, façamo-lo nós, cada católico no silêncio do seu quarto e no conjunto das suas orações. Protege ó Cristo o nosso Portugal!

Pensando melhor, meditando um pouco, o Protege ó Cristo o Nosso Portugal, deve passar a ter em intenção não apenas Portugal, mas todos os países do mundo. Porque todos os países necessitam dessa protecção de Cristo, apesar de muitos não sentirem que o Seu amor por eles palpita e nem terem por rainha a Sua Mãe bendita. Pelo contrário, tem actos e ideias que a Cristo e a Sua Mãe são ofensivos, ideias e actos de que são orgulhosos, com uma satisfação que é o orgulho de serem orgulhosos. Que Cristo proteja Portugal e todo o Mundo!

Não sejamos egoístas, sejamos ecuménicos.

laurindo.barbosa@gmail.com

                                                                                                    http://autores2.blogs.sapo.pt/

publicado por Fri-luso às 09:31

Fevereiro 03 2012

 

Querida Jovem, Querido Jovem

 

A força estuante da juventude é a força propulsora do futuro e do progresso da humanidade.

Todavia, para ser mesmo estuante e dinâmica, há condições.

 

A primeira, é AMAR. Amar, verdadeiramente amar. AMAR é muito mais que GOSTAR. Gostar, gostamos de bananas ou daquilo que nos disserem a elogiar-nos. AMAR é um movimento interior que faz pautar a nossa vida por pautas e música e não por pautas alfandegárias. AMAR é sacrificar-se por aquilo ou por quem se ama. Quando se gosta de uma coisa, primeiro aquece e depois arrefece; quando se ama algo ou alguém, sempre aquece e nunca arrefece, porque GOSTAR é epidérmico e AMAR é subcutâneo. Quem ama, com o verdadeiro amor, que tem raízes divinas, sublima-se; quem simplesmente gosta, com as suas raízes humanas, diverte-se.

 

A segunda condição, é QUERER. Querer, verdadeiramente querer. QUERER é muito mais que DESEJAR. Desejar, desejamos boas palavras a elogiar-nos ou bom tempo para irmos à praia. QUERER está para AMAR, tal como GOSTAR está para DESEJAR. GOSTAR e DESEJAR, é tibieza e superficialidade. AMAR e QUERER é determinação e intensidade.

 

Jovem, vive com Fé, Amor e Alegria o teu aniversário na companhia dos teus amigos e familiares, com determinação e intensidade. Mereces parabéns porque sei que vais corresponder ao meu apelo de seres jovem de elevado potencial a AMAR e a QUERER para construires um futuro melhor. Prossegue na tua instrução, para com instrução aumentares a tua inteligência, para com instrução e inteligência aumentares a tua moral, para com instrução, inteligência e moral edificares um novo Humanismo, e com esse novo Humanismo edificares, se tanto for preciso, uma nova Civilização.

  

AFECTUOSAMENTE    laurindo.barbosa@gmail.com

publicado por Fri-luso às 19:28

Fevereiro 02 2012

O LIVRO é um amigo que tudo dá e nada pede, o mestre generoso que não regateia o seu saber nem se cansa de repetir aquilo que sabe ; fiel transmissor da prudência e da sabedoria antigas; consolação das horas tristes que ao prisioneiro faz esquecer o seu cárcere e ao desterrado a sua nostalgia; sedativo das grandes canseiras que nos acompanha, para onde quer que formos com a nossa dor; guia das nossas graves decisões, que abranda o nosso coração nos momentos de dureza e nos dá vigor quando começamos a fraquejar. Um amigo que depois de tudo isto, tem a soberana grandeza de não hipotecar a nossa gratidão. Uma vez lido, colocámo-lo simplesmente na estante ou deixámo-lo esquecido no assento de um carro. Não nos pedirá contas do que nos deu nem guardará rancor se não lhe houvermos agradecido.

Gregório Marañon, em um discurso numa reunião de livreiros. Madrid 1952

publicado por Fri-luso às 17:30

Fevereiro 02 2012
 
 

 

publicado por Fri-luso às 17:29

Laurentino Sabrosa
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